quarta-feira, 9 de outubro de 2013
POEMAS DE CAMÕES
Ao desconcerto do Mundo Os bons vi sempre passar No Mundo graves tormentos; E pera mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado. Assim que, só pera mim, Anda o Mundo concertado. Luís de Camões
Verdes são os campos Verdes são os campos, De cor de limão: Assim são os olhos Do meu coração. Campo, que te estendes Com verdura bela; Ovelhas, que nela Vosso pasto tendes, De ervas vos mantendes Que traz o Verão, E eu das lembranças Do meu coração. Gados que pasceis Com contentamento, Vosso mantimento Não no entendereis; Isso que comeis Não são ervas, não: São graças dos olhos Do meu coração.
Luís de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões
O Capitão Ilustre, e Assinalado, Dom Fernando de CastroDebaixo desta pedra está metido, Das sanguinosas armas descansado, O Capitão ilustre, e assinalado, Dom Fernando de Castro, e esclarecido. Este por todo o Oriente tão metido, Este da própria inveja tão cantado, Este, enfim, raio de Mavorte irado, Aqui está agora em terra convertido. Alegra-te, ó guerreira Lusitânia, Por est'outro Viriato que criaste, E chora a perda sua eternamente. Exemplo toma nisto de Dardânia; Que se a Roma com ele aniquilaste, Nem por isso Cartago está contente. Luís Vaz de Camões
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